sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Nada não..

Como vocês dizem, devo ser realmente louca e mal educada. Ingrata, maldita, gorda e que não sabe se cuidar.
Não tenho bom gosto, bons modos, meu vocabulário não é bom e meu comportamento é péssimo.
Não sei o que fazer na vida e não tenho motivos para me encantar porque alguém sugou minha personalidade. Esse alguém possui as mesmas "qualidades" que eu tenho. Somos cínicos e traidores..somos sujos.
Obrigada..vcs me ajudam a cada dia.

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos E não pensar.
É correr as cortinas Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas?
Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
(...)
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(...0
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
Alberto Caeiro

4 comentários:

Anônimo disse...

Seu Blog é simplesmente demais!!! Adorei!

Vou te colocar nos meus favoritos, certo?

Beijos

Jônathas Ayres disse...

Porque a vida é bela... Mas eu só descobri isso quando olhei pela janela e fiquei olhando ela passar!

Anônimo disse...

Porque a vida é uma fudelança só e temos que aproveitar é tudo !

Beijoca prima !

Ana P. disse...

Eu acho vc legal! Ainda mais agora que eu descobri que, pelo visto, tu curte FP!

"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!"

Você é legal sim, guria. Desencana do mundo!