segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A Menina

Eu vi uma menina, eu daria-lhe uns 14 anos. Ela tem um brilho lindo no olhar que nos mostra todos os seus sonhos e ilusões.
Ela acredita que será feliz em todos os aspectos, afinal de contas ela acabou de realizar um grande sonho, sente-se poderosa, vitoriosa e liga para todas as amigas para contar-lhes a novidade.
Ela é bonita e invejada! Mas, ela se esforçou muito por um bom tempo. Deixou essas mesmas amigas de lado para lutar. Foi alvo de fofoca, como sempre fora. Não tinha as roupas de marca e nem "tempo" para sair. Além disso, nunca se iludiu com paixões idiotas de adolescente...era a bobona e sem graça da turma.
A menina gosta de música e poesia, embora não saiba o significado de boa parte das coisas que lê. Essa menina sabe que um dia terá maturidade para escrever algo do tipo, mas sabe também que, provavelmente, só ela entenderá. Como ela sonha..ela não queria ter uma vida comum presa a uma mesa de escritório de frente para o computador. Aliás, ela mal sabe mexer no computador, nunca entrou na internet e nem tem vontade.
Ela não sabe que área seguir porque o que ela gostaria mesmo era poder mudar a vida de alguém, ser lembrada por ter se tornado eterna. No entanto, ela nem tira boas notas em redações, não sabe cantar e nem é tão bonita assim. Já pensou em ser economista e jornalista! As aulas de Geografia na escola a fizeram pensar sobre o mundo..mundo este, que nem sabe que ela existe. Para que pensar então?
Assim, a menina parou de dizer por aí que era socialista e procurou saber o que Marx e Engels andaram aprontando por aí. Descobriu também que seus ídolos só quebraram a cara por pensar assim..
Assim, os olhos da menina pararam de brilhar, pois ela já não tinha mais sonhos. Já realizou um, e já lhe era suficiente.

Olê, Olá - Chico Buarque

Não chore ainda não
Que eu tenho um violão
E nós vamos cantar
Felicidade aqui
Pode passar e ouvir
E se ela for de samba
Há de querer ficar

Seu padre toca o sino
Que é pra todo mundo saber
Que a noite é criança
Que o samba é menino
Que a dor é tão velha
Que pode morrer
Olê olê olê olá
Tem samba de sobra
Quem sabe sambar
Que entre na roda
Que mostre o gingado
Mas muito cuidado
Não vale chorar

Não chore ainda não
Que eu tenho uma razão
Pra você não chorar
Amiga me perdoa
Se eu insisto à toa
Mas a vida é boa
Para quem cantar

Meu pinho, toca forte,
Que é pra todo mundo acordar
Não fale da vida
Nem fale da morte
Tem dó da menina
Não deixa chorar
Olê olê olê olá
Tem samba de sobra
Quem sabe sambar
Que entre na roda
Que mostre o gingado
Mas muito cuidado
Não vale chorar

Não chore ainda não
Que eu tenho a impressão
Que o samba vem aí
E um samba tão imenso
Que eu ás vezes penso
Que o próprio tempo
Vai parar pra ouvir

Luar, espere um pouco
Que é pro meu samba poder chegar
Eu sei que o violão
Está fraco, está rouco
Mas a minha voz
Não cansou de chamar
Olê olê olê olá
Tem samba de sobra
Ninguém quer sambar
Não há mais quem cante
Nem há lugar mais lugar
O sol chegou antes
Do samba chegar
Quem passa nem liga
Já vai trabalhar
E você, minha amiga
Já pode chorar

3 comentários:

Cansei de ser abduzida disse...

"Que a dor é tão velha
Que pode morrer"

De que mundo o Chico é? o de Sofia?

Cansei de ser abduzida disse...

Jojo (Jonathas)

Passa o link do teu blog!
beijos!

Ana P. disse...

Ia falar desse mesmo trecho:

"que a dor é tão velha
que pode morrer"

Pode não... essa menina aí pelo menos um dia vai saber disso!